MENSAGEM DE POSSE DE ROSE NEUBAUBER QUANDO DE SEU INGRESSO NA APE – 10 dez 2007
Mensagem de Posse de Rose Neubauber quando de seu ingresso na APE
Senhor Presidente da Academia Paulista de Educação, meu sempre professor e amigo João Gualberto de Carvalho Menezes, extremamente generoso na sua apresentação da minha trajetória profissional
Srs Acadêmicos
Autoridades presentes
Minhas senhoras e meus senhores
Quero inicialmente agradecer a Academia Paulista de Educação pela honra e oportunidade de haver sido escolhida para participar dessa nobre instituição fundada em 1970 por um grupo de ilustres educadores.
Ciente da responsabilidade que me confere a conquista de uma cadeira nesta Academia e feliz por representar duas mulheres resolvi conhecer melhor essas educadoras que simbolizam a cadeira de número 13: Adalivia de Toledo, sua patronesse, e Corina de Castilho e Marcondes Cabral, uma das fundadoras da Associação, primeira e única titular da cadeira que ora ocupo.
Esse processo me conduziu ao exame de vários exemplares da Revista da Educação, da qual elas foram colaboradoras individualmente ou em grupo. A análise dos diversos artigos da revista, entre os anos de 1930 a 1960, revela que viveram num momento extremamente rico e de enormes mudanças ocorridas na educação nacional e e na de São Paulo, várias delas condizentes com a proposta expressa no Manifesto dos pioneiros da educação nova. Elas acompanhariam a criação do Ministério da Educação e da Universidade de S.Paulo que oficializaria o Instituto de Educação para garantir a formação pedagógica de professores primários e secundários com a incorporação da Escola de Professores do Instituto Caetano de Campos.
Os artigos mostram também que elas comungavam das idéias de Lourenço Filho e Noemi Silveira. E que participavam ativamente dos projetos do Laboratório de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras engajando-se em ações práticas e pesquisas voltadas à aplicação e análise dos testes e medidas educacionais, como o teste ABC.
Com satisfação descobri que além de entusiastas por temas educacionais semelhantes, havíamos vivido nos mesmos espaços escolares e tínhamos pontos em comum em nossos percursos profissionais.
Corina de Castilho, minha antecessora, nasceu em 1914, em Novo Horizonte, cidade pela qual sempre tive grande simpatia. Fui tomada de emoção quando, ao receber de uma grande amiga a cópia de seu prontuário profissional, li, nas primeiras linhas, que se formara, em 1930, com 16 anos, na Escola Normal do Braz, Colégio Padre Anchieta que, em 1951, tornar-se-ia o Instituto Feminino de Educação Padre Anchieta, escola que desempenhou papel fundamental e decisivo na minha vida e no meu futuro.
Mais surpresa fiquei ao encontrar um artigo escrito por Adalívia de Toledo, em 1938, relatando sua experiência inovadora com os testes ABC como diretora do Curso Primário da Escola Normal Padre Anchieta, a escola de aplicação com a qual convivi profundamente como normalista. Percebi, extasiada, que aquela escola Normal que plantou em mim a eterna busca por respostas mais adequadas aos problemas profissionais e do cotidiano escolar com os quais eu me defrontaria no correr dos anos, também tivera papel importante na vida dessas duas educadoras. Era como uma trama invisível que nos ligava uma às outras (Revista de Educação (1938, v.21 a 28
Em 1932, Corina de Castilho é nomeada professora substituta efetiva numa escola estadual – o Grupo Escolar Godofredo Furtado – e em 34, com 20 anos, é admitida no Instituto de Educação da recém criada Universidade de São Paulo para aperfeiçoamento pedagógico. Nossos percursos mostrariam semelhanças cada vez maiores. Recém-formada no Padre Anchieta tornei-me professora substituta na escola estadual Heróis da FEB na zona norte da capital e insatisfeita por não ser capaz de resolver os problemas de aprendizagem dos meus alunos fui buscar na Faculdade de Educação da USP, no antigo Instituto de Educação dos anos 30, as respostas para uma prática pedagógica mais efetiva.
Uma vez parte da Universidade pública, privilégio de poucos naquela época e nos dias atuais, Corina de Castilho não retornará ao magistério primário. Será designada para ocupar cargos técnicos pedagógicos criados a partir das reestruturações por que passará o Departamento de Educação.
Conseqüentemente, entre 1935 e 39 ela fará parte de várias comissões na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras e no Instituto de Educação da USP junto ao Curso de Formação Pedagógica do Professor Secundário.
Essa atuação na universidade e os artigos e relatórios escritos na época devem ter estreitado seu convívio com Adalívia de Toledo que participava da Comissão de Estudos do Departamento de Educação e tinha “por objetivo continuar a obra de divulgação, referente aos testes, já tão bem encaminhados pelo Laboratório de Psicologia”, dirigido por Noemi Silveira.
De forma semelhante, após sair da Faculdade de Educação eu me distanciaria da sala de aula e iria para a Fundação Carlos Chagas. Faria parte de um grupo de pesquisadores que desenvolvia testes sobre variáveis psicológicas que influenciariam o desempenho escolar. A convivência com esse grupo crítico e altamente qualificado definiu minha postura sobre políticas públicas de educação e deu-me certeza de que toda criança é capaz de aprender, desde que não seja abandonada pela escola. A postura firme da educadora e psicóloga Ana Maria Poppovic muito me influenciou e com ela aprendi a repudiar veemente o fracasso e a repetência escolar. Ao denunciar o que chamava de ilusão de se colocar os problemas educacionais em termos sociais ela nos estimulava a apresentar soluções pedagógicas para eles e nos instigava a passar de pensadores em educação para educadores em ação.
Essa passagem ocorre claramente com Corina de Castilho e Adalívia de Toledo e foi certamente a bagagem teórica e a experiência acumuladas junto à Universidade nos anos 30, que lhes permitiria a seguir, atuarem como educadoras em ação.
Assim, a partir dos anos 40 e junto com uma equipe de outros educadores, co-autores dos vários artigos que publicaram anteriormente, elas integram a Assistência Técnica do Departamento de Educação. A Assistência terá um papel importante na definição do perfil do recém criado Serviço Técnico da Primeira Delegacia Regional de Ensino da Capital, um núcleo de assistência e apoio pedagógico composto por excelentes profissionais da própria rede escolar para dar suporte a professores, diretores e inspetores das escolas da região.
Nascia então o germe que serviria de modelo pedagógico para as demais Delegacias Regionais e que inspiraria a criação dos SOPs – os Serviços de Orientação Pedagógica- propostos, em 1968, por José Mario Pires Azanha assim como das Oficinas Pedagógicas que seriam implementadas em todas as delegacias de ensino durante os anos de 1987/88, quando dirigi a Coordenadoria de Ensino e Normas Pedagógicas da Secretaria da Educação.
Em agosto de 1943, as duas educadoras participam da elaboração de documento que avalia o ensino pré-escolar existente e faz propostas de mudanças, documento que serviu de base ao anteprojeto de decreto-lei que criaria jardins de infância e classes pré-primárias junto aos grupos escolares do Estado de São Paulo. Este fato, provavelmente, foi decisivo na designação de Corina de Castilho para dirigir o recém criado Serviço de Educação Pré-primária em 1950 e, em 1970, ano em que participa da criação da Associação Paulista de Educação, e tornar-se Diretora do Serviço de Ensino Pré-primário, junto à Coordenadoria do Ensino Básico e Normal. Ela se aposentaria em 1977, como Supervisora Pedagógica, após 45 anos de serviços prestados à educação pública de São Paulo.
A trama se fecha e na tradição das educadoras que aqui represento, eu estaria também, a partir dos anos 80, intercalando ou justapondo os papéis de investigadora da educação com o de educadora em ação. Assim, ao mesmo tempo em que desenvolvia um projeto de análise e reflexão crítica das políticas públicas educacionais, eu participava de equipes que elaboravam e testavam materiais pedagógicos para melhor capacitar os professores e garantir uma aprendizagem mais significativa e bem sucedida aos alunos.
Os textos de Corina e Adalívia deixam antever, que faziam parte de um grupo de educadores; eu também me identifico com elas neste aspecto pois faço parte de um grupo de educadores que buscou colocar em prática uma proposta de escola mais democrática e menos seletiva que era discutida e gestada desde meados dos anos 70. Essa postura se potencializava porque eramos um grupo muito engajado políticamente e desejosos de realizar mudanças. Assim, em 1983, considerei um privilégio ser Chefe de Gabinete de Guiomar Namo de Mello, uma das integrantes do grupo que havia sido convidada pelo governador Franco Montoro para dirigir a Secretaria de Educação do Município de São Paulo, e confirmada no cargo pelo prefeito Mario Covas
Foi uma experiência extremamente rica e gratificante sobre a qual poderia falar horas seguidas. Mas o que realmente nos impressionou foi o apoio irrestrito dado por Mario Covas às mudanças propostas e a ausência de qualquer favorecimento político. Isso era uma utopia, uma exceção, pois como pesquisadoras sabíamos que a educação no Brasil é uma área muito sensível a pressões e negociações políticas com constantes mudanças nos titulares da Pasta e enorme descontinuidade dos projetos e políticas educacionais.
Durante todo seu mandato, Mario Covas jamais criou situações que violentaram o modelo de uma educação pública que colocava o aluno em primeiro lugar. Este respeito pela educação marcaria toda sua vida.
Na década seguinte, tornei-me professora da Faculdade de Educação da USP e voltei a intercalar momentos de pesquisa e de ação mas, o maior desafio da minha carreira ocorreria quando há 13 anos atrás Mario Covas, recém eleito Governador de São Paulo, convidou-me para ser Secretaria da Educação.
Sempre me perguntei porque Covas me escolheu? Porque o meu nome e não outros muito mais impactantes?
Eu acredito que fui convidada, que fiz parte da chamada “cota” pessoal do governador, porque era porta voz de uma proposta de educação pública que fora submetida a ele, pela primeira vez, quando era Prefeito. e que durante mais de uma década fora intensamente discutida com ele nas várias campanhas que disputou. Durante sua passagem pelo Senado, como relator da Constituinte, eu e Guiomar Namo de Mello, em nome do grupo de educadores com os quais nos identificávamos não lhe déramos trégua para que assegurasse a vinculação dos recursos e a presença de uma Lei de diretrizes e bases da educação na nova Constituição.
Acho mesmo que quando COVAS me convidou, em 1994, com Hubert Alquéres e Gilda Portugal Gouveia, para coordenar o grupo de educação da sua campanha estava testando e desafiando esse grupo a delinear a proposta de uma ESCOLA DE CARA NOVA para São Paulo, que deveria ser um exemplo para o Brasil de que era possível e necessário mudar em educação.
Durante as campanhas de 94 e 98, Covas discutiu intensamente, criticando e opinando, muitas vezes de forma dura e realista, as ações educacionais delineadas no seu plano de governo. Sabia o alto preço político que pagaria se as apoiasse. Estava ciente de que o que lhe era proposto não se tratava de um conjunto de medidas e mudanças pontuais, mas sim uma programa global que continha ações para o sistema todo, cuja aplicação seria difícil e que seus resultados não apareceriam a curto e, talvez, nem a médio prazo. O governador tinha certeza de que não seria fácil nem tranqüilo mexer na secular cultura de fracasso e repetência que dominava as escolas. Político exemplar, Covas associava os princípios de ética e transparência no trato com o bem público com a convicção de que a educação era um instrumento fundamental para o desenvolvimento com justiça social.
Todos tinham clareza de que colocar em prática um projeto que deslocava o aluno para o centro da preocupação, reflexão e ação da escola significava romper com velhos paradigmas. Afirmar que o papel do professor não é simplesmente ensinar mas levar o aluno a aprender e que a criança não pode ser considerada culpada pelo seu fracasso escolar, era questionar o modelo de educação do passado.
Assim, ao não aceitar passivamente o vergonhoso indicador de fracasso escolar que, em 1994, era da ordem de 30% para a população estudantil em São Paulo só restava ousar, correr riscos, mas mudar uma educação envelhecida, cujos caminhos estavam viciados pela tarefa de pensar a educação para as elites do país e, portanto, incapaz de imagina-la inclusiva e democrática para as novas clientelas que chegavam às escolas.
Conseqüentemente, as propostas por nós desencadeadas como a reorganização, matrícula por disciplina, recuperação dos alunos nas férias, informatização, unificação das matrículas, enxugamento da máquina burocrática, desconcentração financeira e pedagógica para as escolas, municipalização, introdução do sistema de ciclos em progressão continuada, bônus e premiações diferenciadas para as escolas que melhorassem seus desempenhos, foram recebidas como se demônios fossem, mesmo por educadores considerados progressistas e arautos do século XXI. Elas nada tinham de novo e algumas, como o sistema de ciclos, já haviam ocorrido anteriormente: em 1968, com José Mario Pires Azanha, em 1986, com Montoro, em 1990, com Paulo Freire no Município de São Paulo. Mas foram na maioria das vezes tratadas como se viessem de outro planeta.
Passado o furacão inicial, o projeto mostrou-se factível, as propostas foram sendo implementadas, e alguns resultados promissores – os índices de evasão despencaram e os dados recentes do PISA mostrando ganhos significativos de 2000 para 2003 em Leitura e Matemática parecem indicar que a ações educacionais desencadeadas no Estado de São Paulo e pelo MEC na última década estavam na direção correta.
O que mais incomodou foi que o projeto que pusemos em prática em São Paulo baseou-se num novo paradigma que abalou e pos em xeque pelo Brasil afora concepções educacionais esclerosadas e ultrapassadas havia décadas mas que, como fantasmas, ainda habitam nossas escolas e a mente de parte de nossa população. O surpreendente foi o Governador ter sido fiel ao projeto até as últimas consequências. Entretanto, estaríamos nos enganando se acreditássemos que o caminho foi todo percorrido e que retrocessos não existiram. Resta muito a ser feito e eu gostaria de nomear alguns pontos que considero fundamentais na melhoria da qualidade do ensino e reitero aqui o compromisso de continuar na defesa com a mesma chama e entusiasmo de quando saí da Escola Normal Padre Anchieta. São eles:
1) É preciso manter o sistema de progressão continuada em ciclos – não retroceder a tentação do evitar o apelo populista de mudar os ciclos para angariar votos. Várias pesquisas realizadas nos últimos anos com os dados do SAEB mostram que não existem diferenças de desempenho acadêmico entre crianças submetidas ao sistema de ciclos e ao de séries em todo o Brasil, mas enfatizam que como as crianças que estudam no sistema de progressão em ciclos abandonam menos a escola e acabam tendo mais sucesso escolar e profissional;
2) O sistema de reforço escolar deve ser introduzido obrigatoriamente ou retomado onde foi “eliminado“. As crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de horas a mais na sala de aula, semanalmente, fora do horário regular, para vencer suas dificuldades de aprendizagem e serem capazes de acompanhar a sua turma. Esse reforço também deve ser, sempre que necessário, ofertado nas férias, principalmente para as crianças mais pobres. As experiências educacionais de sucesso usam reforço sistemático de aprendizagem.
3) Avaliação sistemática, cuidadosa, com critérios e com devolutiva detalhada à escola é condição sine qua non para o professor ser capaz de acompanhar o desenvolvimento e as necessidades de cada aluno e de sua turma.
4) Faz-se necessário premiar escolas e professores que conseguem melhorar o desempenho de seus alunos; senão, porque fazer mais e melhor se ninguém é reconhecido pelo seu esforço e dedicação?
5) A presença do coordenador pedagógico é indiscutível e fundamentalmente nas escolas para trabalhar a avaliação junto aos professores, definir um programa constante de recuperação dos alunos e especialmente não desperdiçar e dar aproveitamento efetivo às HTPC – Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo, verificando se os problemas dos alunos não resultam de dificuldades de ensino do professor;
6) Classes de aceleração para alunos mais velhos ou mutirepetentes assim como salas ambiente de aprendizagem com todos os materiais da escola à disposição dos alunos são fundamentais pois a sala de aula tradicional ficou cada vez mais desestimulante. A prática de algumas escolas de guardarem os materiais pedagógicos para que não estraguem não faz sentido frente ao mundo atual complexo e informatizado.
7) Os jovens, no Brasil estão abandonando o ensino médio, fato altamente preocupante pois eles são a maioria da população e constituem o maior grupo de risco. É urgente buscar alternativas para a escola do jovem. Flexibilizar a matrícula e impedir que no caso de reprovação tenham que refazer todas as outras em que foram aprovados podem estimulá-los a permanecer na escola.
8) Garantir programas rápidos pós ensino médio de profissionalização com entidades preparadas para fazê-lo e com experiência na área. Se o jovem dos grupos de renda mais baixa souber que terá chances de fazer um curso pós-médio que o habilite melhor para o mercado de trabalho, ele ficará muito mais motivado e a evasão certamente cairá.
9) Não devemos acreditar romanticamente que é preciso colocar todas crianças 8 horas na escola. Não temos nem espaço, nem recursos e nem professores suficientemente capacitados. Fazê-lo decentemente demandaria dobrar os recursos, ou seja, investir 50% da receita do Estado em educação, o que é pouco provável). Quem precisa ficar algumas horas a mais na escola são as crianças que tem dificuldades de aprendizagem.
10) Garantir para todos pelo menos 5 horas de trabalho efetivo na escola, isto é importante mas não suficiente. É preciso criar estímulos para diminuir as faltas dos professores e para que eles diversifiquem sua prática. Isto fará uma diferença significativa.
Sei que estas propostas não são simpáticas a todos, mas estou segura que impactarão fortemente a qualidade do ensino se realizadas. Elas demandam muita vontade política. O que não é mais possível no Brasil é acreditar na cultura da repetência, ou seja, deixar o aluno retido como um problema a ser enfrentado pelo professor da série seguinte, condenando-o ao estigma de que é incapaz de aprender e de sobreviver com dignidade. Este tipo de atitude gerou o país que temos hoje.
Encerro minha fala lembrando mais uma vez que não cheguei aqui e nem fiz este percurso sozinha.
Ele reflete o esforço, empenho, perseverança e dedicação de todo um grupo de educadores comprometidos que, nestas últimas décadas, acreditaram, apostaram e trabalharam incessantemente para construir um modelo novo de educação no qual o aluno é o centro e a verdadeira prioridade. Muitos deles foram meus parceiros, companheiros nessa minha trajetória. Considero, portanto, a honra de ocupar a cadeira número 13, de Adalívia de Toledo, como uma homenagem coletiva, a essa geração de educadores da qual tenho um enorme orgulho de pertencer e para quem rendo minhas homenagens.
Não posso deixar de registrar o apoio importante que tenho recebido nessa caminhada profissional de mulheres como Severina e Quitéria, que por muitos anos têm, com enorme lealdade, colaborado na tarefa de cuidar de minha casa e de meus filhos para que eu me envolvesse com os filhos de todas nós.
Nesse sentido, agradeço aos meus filhos por terem tido a compreensão de que me furtei em vários momentos de estar com eles para que outras crianças tivessem oportunidades educacionais semelhantes às que eles estavam recebendo e que eu pudesse, assim, ajudar a construir um país e um futuro melhor para os meus lindos netos.
Não posso deixar de agradecer os meus pais, na figura de minha mãe aqui presente, que me deixaram como herança a crença e o valor pela educação, e não pouparam esforços e trabalho para que eu, originária de pequena classe média, pudesse freqüentar escolas públicas que eram privilégio de poucos.
Finalmente, quero fazer um agradecimento especial a Adroaldo Moura da Silva que nestas décadas de convivência e cumplicidade sempre foi um grande companheiro intelectual, um interlocutor instigante e crítico, nunca permitindo que eu usasse quaisquer desculpas para deixar de enfrentar o desafio, a missão que deu sentido a minha juventude e que me seduziu a vida toda, aquela por quem os meus “sinos” interiores sempre dobraram – a de lutar por uma escola pública de qualidade, uma escola cidadã, uma escola realmente democrática e inclusiva para todas as crianças deste enorme país.