Educação popular qualificada: eis a chave do progresso.
EDUCAÇÃO POPULAR QUALIFICADA: EIS A CHAVE DO PROGRESSO.
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Doutor em Educação
Presidente da Academia Paulista de Educação e Membro da Academia Paulista de Letras
Fevereiro de 2013 Inédito
É inegável que os brasileiros vivem, neste início de 2013, um clima pesado e um tanto quanto desconfortável, apesar dos esforços governamentais com vistas a melhorar o desempenho do país. Não se trata de cultivar o catastrofismo; o que ocorre, na verdade, é que a lição dos números tende a nos transmitir, a todos, mais dúvidas do que esperanças.
Aí estão os índices negativos de uma economia, antes ascendente e ora em recessão; de uma segurança que cedeu espaço à criminalidade crescente; de uma improdutividade escandalosa em todos os setores, notadamente na área pública, onde o mérito da maioria dos agentes fez-se substituir pelo aparelhamento partidário; de uma saúde, que parece feita mais para matar do que para salvar, tal o caos dos atendimentos massivos; de uma previdência, que caminha perigosamente para os “déficits” monumentais, que podem, no médio prazo, dificultar o pagamento em dia de pensões e aposentadorias; de um sistema fiscal burro e devorador das poupanças de quem produz e se vê obrigado a transferir para os governos o fruto dos seus esforços; de uma corrupção que, em vez de abater-se,próspera a olhos vistos, apesar dos recentes esforços da Justiça para barrá-la; de uma democracia, que apenas vive de eleições periódicas e incapazes de eleger os melhores, tendo em conta que não fincou ainda suas raízes no solo úbero da cidadania consciente da população; de uma educação que pouco educa, eis que se volta frequentemente ao passado e não ao futuro (como seria próprio da sua natureza). E vai por aí!
Como educador, e, portanto, dono de um otimismo incurável e permanente, ainda quando defrontado por um panorama tão desanimador, não consigo descrer da inevitabilidade da redenção deste país. O potencial para o seu desenvolvimento continua enorme e as qualidades do povo superam os seus defeitos. O que falta mesmo, para sair do atoleiro, é uma educação de qualidade para a sociedade como um todo. Aquela que, sem distinção de gênero, crença, cor ou condição econômica das pessoas, as instrumente para compreender o que se passa a seu redor e as dote de meios para tomar decisões inteligentes para com elas ajudar o país a buscar os seus objetivos maiores. Sem isso como pré-requisito, será inútil tentar fazer com que superem as dificuldades atuais, até porque o caminho da salvação estará sempre menos nos sábios de plantão, que inventam milagres a cada manhã do que na ação esclarecida e permanente da população que, no dia a dia, busca contribuir com seu trabalho e sua cidadania para a prosperidade geral.
Numa democracia tudo melhora quando se vota com clarividência, o que só ocorre com uma população fortemente escolarizada no ensino básico (fundamental e médio), e com escolas que se voltem prioritariamente para a arte de cuidar bem da educação e não se descaminhem na experimentação de teorias pedagógicas, que podem ter dado certo alhures, mas que aqui só têm gerado confusões. Essa é uma cura de longo prazo, mas eficaz (toda mudança em educação leva pelo menos uma geração para dar frutos), por isso há que iniciá-la o quanto antes. Todo benefício virá como conseqüência: é plantar hoje para colher daqui a uma década.