Educação e Profissão
Educação e Profissão
Paulo Nathanael Pereira de Souza
Reitor da UniSciesp
No passado, havia profissões criativas, as que exigiam escolaridade específica, e profissões repetitivas, as que dependiam apenas das práticas laborais aprendidas “in service”. Para aquelas, atuavam as escolas técnicas e as faculdades de ciências aplicadas (Direito, Medicina, Engenharias, etc.) e para estas, também chamadas de chão de fábrica, valia mais a prática do que a gramática. Tudo isso funcionou a contento, enquanto o mundo evoluía lentamente, o saber era limitado e de longa duração, e os modelos industriais e organizacionais eram feitos para durar séculos. Com a superveniência do saber como fator fundamental do progresso mundial, na segunda metade do século XX, e a velocidade das mudanças nas tecnologias com embasamento científico, tudo mudou: a durabilidade dos bens, das idéias e das crenças e o próprio sentido da verdade foram se contaminando de um relativismo, que fez dos valores algo incerto e de validade fugaz. O curto prazo substituiu o longo e o conhecimento, como base da sabedoria, adquiriu o sentido do provisório e do substituível. Tanto que a formação das pessoas, que se fazia por graus de terminalidade escolar, hoje não mais acaba, eis que todas estão a se socorrer da educação continuada, sob pena de ficarem à margem do tempo em que vivem.
Outubro de 2011