DISCURSO DE POSSE PROF. CARLOS ROLIM AFFONSO – 11 maio 2017
Ilustre Presidente da A.P.Educação, prof. Dr. Reinaldo Politto, prezados demais membros da mesa e caros amigos presentes´.
Inicialmente, gostaria de agradecer o caro confrade, prof. Dr. Wander Soares, por quem tive a honra de ser apresentado e, também, meus amigos de antigamente, os mestres Drs, Paulo Nathanael e Arnold Fioravante e demais Acadêmicos.
Há 4 anos, nesta mesma Academia, tomei posse como seu Membro Honorário e vivi, nesse tempo, a grata companhia de notáveis profissionais da Educação, com os quais muito apreendi.
Vale a pena registrar que, durante o tempo em que era apenas aluno, tive a graça de contar com uma plêiade de notáveis educadores, tanto no ensino médio como no ensino Superior e, neste momento, peço licença para citar alguns deles, principalmente aqueles que forjaram em mim, os conhecimentos necessários para exercer a docência em diversas Instituições, tanto nos níveis
fundamental e médio, como no superior, neste último por muito mais tempo, dos quais destaco: Juvenal Paiva Pereira (Sociologia), Armando Gomes Pereira (Psicologia Educacional), ambos do curso Normal, Dr. Enzo Azzi (Psicologia Geral – 3 anos), Dr Rui Aguiar da Silva Leme (Estatística Educacional), Dr. Antônio Gaspar Ruas (Administração Escolar), Dra.Maria Dulce Nogueira Garcez (História da Educação), esses da PUC-S.P., onde fiz meu curso de Pedagogia. E foi desses grandes mestres, todos já falecidos, que abriram as portas para a minha carreira profissional, que pude exercê-la, na própria PUC, como professor de Estatística Educacional, ainda mesmo como seu ex-aluno e aí fui aposentado após 25 anos de trabalho. O importante para mim foi que, nessa época, teve início a fundação de inúmeras faculdades, ocorrendo, para mim, muitas oportunidades, proporcionando possibilidade de escolha, tanto para a docência, como para o mercado de trabalho, principalmente, na área da Psicologia. Em face desse momento, acabei aceitando convites, além da PUC-SP, nas Faculdades de Filosofia Ciências e Letras, de Sorocaba, de Santos e de Itapetininga, em dias e horários diferentes. Isto ocorreu por pouco tempo, posto que, em 1956, fui escolhido, após indicação do Dr. Enzo Azzi, para exercer, na época, a função de Psicotécnico, no antigo Departamento de Aguas e Esgotos, hoje SABESP, onde me aposentei como Assistente Executivo de Diretoria, depois de 31 anos de serviço. Essa Escolha fez com que eu deixasse de dar aulas, de Educação Comparada, em Sorocaba e de Estatística, em Santos. Em Itapetininga, que era a minha cidade natal, eu fiquei dando aula durante 10 anos, porem, apenas na sexta à noite e no sábado pela manhã. Depois de aposentado nessas áreas, fui convidado por colegas para, como pedagogo, exercer, por uns 10 anos, a função de Diretor Pedagógico, primeiro do Centro Educacional de Pedreira (entidade humanitária que atende, anualmente, 600 jovens, (de 11 a 18 anos) e depois, Escola Aprendizagem e Desenvolvimento – Estimulação Infantil), esta, até fevereiro 2016.
Temos ciência de certas ocorrências de fatos que tomamos conhecimento através dos atuais ocupantes de cargos nas esferas federais, estaduais e municipais e que, realmente colocam em cheque o atual estagio de nosso subdesenvolvimento educacional.
– O censo escolar, recém divulgado, aponta o que segue:
1. O número de matrículas para o período integral, no Ensino Fundamental (do primeiro ao nono ano) caiu 40% no ano passado (2016), que passou de 4,6 milhões de alunos matriculados, em 2015, para 2,4 milhões, em 2016 (a grande maioria na rede pública) e 18,9%, na rede particular.
2. Já no ensino médio, 1 em cada 4 alunos está atrasado em mais de 2 anos, segundo o Censo Escolar de 2016.
A causa desses estragos já foram detectadas, restando saber como e quando as reformas necessárias serão implantadas.
Outro tema que afeta a problemática Educação Brasileira, diz respeito ao programa Escola sem Partido que, segundo a ONU, essa iniciativa levará censura significativa às salas de aula do País, pois torna possível restringir o direito do aluno de receber informação.?!?!
3. Outro problema, o salarial, acarreta um constante desafio, o que provoca desprestigio para o exercício dessa importante função.
Já no Ensino Superior, os problemas são outros, além de ser contagiado pela qualidade do Ensino Médio, fornecedor do alunado que busca uma Faculdade que preencha suas necessidades de uma formação que possibilite habilitá-los para o exercício de uma profissão, ao mesmo tempo em que buscam acompanhar as frequentes descobertas que a tecnologia cibernética apresenta numa frequência espantadora ( ver o que relata DON TAPSCOTT, como coautor do livro BLOCKCHAIN, que é a maior inovação desta geração). Nele, os autores relatam como as novas tecnologias podem afetar a economia e a vida em sociedade. Temos convicção de que, neste momento, em que presenciamos a ocorrência de crises de toda natureza, é que surge a necessidade de uma Academia de Educação, através de seus membros, que poderá e deverá continuar dando sua contribuição, que o atual momento político e mudancista requer.
Palpitamos, por oportuno, alguns pontos em que nossa Academia poderá dar sua contribuição, sendo que em alguns já veem sendo dados:
1. Continuar envidando esforços, visando conscientizar nossos governantes em que REFORMAS Educacionais não se fazem por medidas provisórias, pois elas não admitem improvisações;
2. Dar prioridade, no Ensino Médio, para as disciplinas de Matemática, Português, Sociologia e Filosofia, em função do baixo desempenho de nossos alunos.
3. Fomentar a criação de cursos em tempo integral e de boa qualidade.
4. Estimular, em tempo oportuno, a criação de novas disciplinas, que ajudem a promover o exercício da cidadania e do SER PROFISSIONAL.
5. Sensibilizar os Educadores a mostrarem a urgência e a relevância de um Ensino de qualidade e que propicie um aprendizado compatível com as necessidades de um mundo digitalizado e em contínua mudança.
6. Motivar diretores e professores de nossas Escolas a lutarem pela valorização de suas atividades, com salários dignos e suficientes para o próprio sustento e de suas famílias.
7. AUMENTAR consideravelmente o número de creches, e também humanizando-as.
8. Estimular a criação de uma Instituição, de alto nível, para a formação de DIRETORES de escolas, nos moldes que veem sendo feitos no Estado de Nova Yorque.
9. Instituir uma formação de professores, para aqueles formandos nas carreiras compatíveis com o que deverá ser ensinado
nas Escolas de Segundo Grau (Engenheiro – Matemática; Médico – Biologia; Letras – Português) etc.. Neste ítem, gostaria de citar o que
disseram, recentemente, dois notáveis educadores, o Dr. João Batista Araujo de Oliveira, PHD em Educação e Presidente do Instituto Alfa e Beto, que enfatiza “Necessidade Imperiosa de se conseguir atrair jovens bem preparados para o Magistério, para o que seria indispensável solucionar o problema salarial e uma adequação dos corrículos e uma formação dos professors, e, também, uma melhor adequação dos currículos” e, tambem, do eminente professor Português Nuno Crato relata que, em sua terra, foi aumentada a exigência para essa profissão que para entrar na universidade, exige-se uma nota minima em Português e Matemática. Lém disso, as Universidades tambem aumentaram a carga horária das matérias a serem lecionadas.
Concluindo e já que nosso Presidente Temer sancionou a lei que estabelece a reforma do Ensino Médio, onde as Escolas vão escolher o que ENSINAR, em 40% da carga horária, fazemos votos que nessa escolha não haja seleção sectária, mas que possa contemplar as disciplinas adequadas as atuais necessidades de uma população sedenta de uma Educação de qualidade, que é o que nosso povo reclama e merece.
Juntos, unidos e esperançosos, seremos mais produtivos e mais felizes.
Grato a todos, rogando ao Bom Deus que nos ajude a sermos mais firmes, mais produtivos e mais eficazes, ainda que nossas forças já não sejam as mesmas dos idos passados.
Carlos Rolim Affonso, em 11 de maio do ano de 2017.