Adolpho José Melfi é um pesquisador brasileiro, membro titular da Academia Brasileira de Ciências na área de Ciências da Terra desde 1991. Se formou em geologia na Universidade de São Paulo em 1960, e se tornou docente da USP em 1964. Também foi Reitor da USP e condecorado na Ordem Nacional do Mérito Científico.

Leia a íntegra do discurso de posse do prof. Melfi na APE:

“Bom Dia a todos os presentes, e meus cumprimentos aos membros da Academia Paulista de Educação e em especial ao Prof. Hubert Alquéres, digníssimo Presidente da Academia Paulista de Educação.

Um agradecimento muito especial para a Profa. Sônia Penin que propôs o meu nome para participar desta Academia de Educação. Sinto-me imensamente honrado e agradecido ao receber esta honraria e espero fazer jus, participando, junto aos colegas acadêmicos, dos importantes trabalhos, que estão sendo realizados na Academia, em prol da Educação em nosso país.

Recentemente, a professora Sônia Penin me encaminhou uma cópia da biográfia resumida do Prof. Carlos Pasquale, Patrono da Cadeira de número 19, que muito me honra de ocupa-la, tendo em vista o destaque apresentado pelo seu patrono, não somente, pela produção de várias obras didáticas, de grande importância para o ensino de ciências Físicas, Naturais e Químicas, além de ter preparad Código de Educação do Estado de São Paulo, o Censo Escolar (1964) e o Salário-Educação. (igualmente em 1964).

Sua atuação como Educador, foi reconhecida, não somente em nosso país, mas também em outros países, como na França, onde recebeu várias condecorações, como por exemplo a da Legião de Honra e as Palmas Acadêmicas, recebida do governo da Francês.

Formou-se médico em 1931, pela Faculdade de Medicina da USP, sem, contudo, praticar a medicina. Exerceu entre (1929 e 21942) o magistério em vários ginásios de São Paulo (São Bento, Oswaldo Cruz, Ginásio do Estado e Paulistano.

Entre 1931 e 1944 dirigiu o Colégio Paulistano, tendo sido um dos fundadores-proprietários e posteriormente sede das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).

Gostaria, de enviar os meus cumprimentos, e sobretudo os agradecimentos aos meus familiares aqui presentes (minha esposa, meus filhos e netos), pelo apoio que nunca me faltou; e agradeço aos meus caríssimos colegas e amigos da USP, pelo apoio recebido em diferentes situações e que me permitiram chegar até aqui.

Inicialmente, devo dizer, que até recentemente pouco conhecia os importantes trabalhos que vem sendo realizados pela academia, principalmente, com o objetivo de melhorar a Educação em nosso país. Hoje, após ter lido, quase que totalmente o excelente livro, publicado em comemoração aos 50 anos de existência da Academia, tive a oportunidade de conhecer por meio dos artigos, escritos por 25 membros da Academia, abrangendo os aspectos científicos, culturais, educacionais e sociais que nos mostram de forma clara a importância da Academia, com os trabalhos realizados a partir do tripé, Ciência e tecnologia, Educação e sociedade.

Por ser pouco conhecido dos acadêmicos, aqui presentes, gostaria de fornecer algumas informações sobre minha formação. Sou Geólogo, formado pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, Instituição, aonde foi implantado, em 1957, o primeiro curso de Geologia, ministrado no Brasil. Me formei geólogo, juntamente coma a primeira turma em 1960.

Curiosamente, apesar de toda minha carreira profissional, como professor e pesquisador ter sido desenvolvida na Universidade de São Paulo, minha primeira atividade profissional, como geólogo foi realizada no Instituto Agronômico de Campinas, onde entre os anos 1961 e 1964, fiz parte da equipe de pesquisadores, formada por geólogos, geógrafos e agrônomos, pertencentes ao Departamento de Solos do IAC. Minha pesquisa, desenvolvida neste Departamento de Solos, foi estudar os solos da região de campinas e a relação existente, com as rochas vulcânicas (basaltos e diabásios) intemperizadas que lhes deram origem.

Em meados de 1964, fui contratado pela USP, como professor Assistente do curso de Geologia, que na época encontrava-se instalado na Alameda Glete, esquina com a Rua Guaianases, em um belíssimo palacete onde se encontrava o Departamento de Geologia. Foi neste departamento, onde iniciei minhas pesquisas, já nesta época inseridas no processo do meu doutoramento, cujo tema abordava, não somente o intemperismo químico das rochas, mas igualmente a gênese e o funcionamento dos solos associados. Conclui o meu doutorado em 1967 e neste mesmo ano parti, com a família para a França, afim de realizar o meu pós-doutoramento no Centre National de la Recherche Agronomique, em Versailles (1967-1968).

Como professor da USP, ministrei aulas em diferentes institutos, além do Geociências (IGc), no Instituto Astronômico e Geofísico e na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queizos, em Piracicaba, (1997-2007) onde me aposentei, e hoje, (desde 2008) 4sou Professor Sênior do Instituto de Energia e Meio Ambiente IEE/USP , onde ministro aulas na pós-graduação e coordeno projetos de pesquisa apoiados pela FAPESP (Projeto Pantanal: Mudanças Climáticas e impactos ambientais em áreas úmidas alagadas (wetlands) do Pantanal (Brasil): Quantificação, fatores de controle e previsão de longo prazo e CNPq (Projeto: Valorização do digestato produzido em usinas de biogás da USP e no cultivo convencional e hidropônico: avaliando a produção sustentável no cultivo de cana, milho e hortaliças.

Na USP, desenvolvi diferentes atividades administrativas, desde a direção de instituições (IAG), até a presidência de comissões de Graduação e Pós-Graduação. No âmbito da Administração Central da Universidade fui Pró-Reitor de PósGraduação da USP, (1993-1997), Vice-Reitor da USP, (1997 – 2001) e Reitor da USP (2001-2005).

Foi nesta etapa que tive um primeiro contato com a Faculdade de Educação da USP e a oportunidade de trabalhar com pessoas que muito me ensinaram e cito novamente a Profa. Sônia Penin, que durante o período que estive como Reitor, ocupou a ProReitoria de Graduação, realizando um excelente trabalho em prol da educação básica na USP.

Apesar de ministrar aulas durante todo tempo que estou na USP, me dediquei mais intensamente à pesquisa. Meu contato maior com a educação propriamente dito se deu a partir de 2001, quando aumentaram meus contatos com a Faculdade de Educação, em função do projeto de criação do novo campus da USP-Leste.

Para mim este contato com a FE foi bastante benéfico, pois estávamos construindo uma nova unidade de ensino e pesquisa da 5USP, o Campus da USP-Leste, e a contribuição da Faculdade de Educação foi de grande importância, pois contamos com a participação de excelentes professores, como a professora Sônia Penin, Myriam Krasilchic, Valéria Arantes, Ulisses Ferreira de Araujo, Nilson José Machado, Celso Rui Baisegel, e outros.. A criação da USP-Leste pretendia atingir vários objetivos simultaneamente, como por exemplo, expandir vagas no ensino superior público, atender melhor e com qualidade a comunidade local e levar desenvolvimento social, econômico e cultural para áreas carentes e menos favorecidas da nossa sociedade. Neste contexto posso afirmar que a USP leste já nasceu vitoriosa, e este foi um passo importante, acredito, e novamente reforço o meu sentimento de gratidão por minha indicação para compor a Academia Paulista de Educação.

Muito obrigado!”