Artigo – Wander Soares e o livro didático
O ano letivo para 3 milhões de alunos da rede estadual de ensino começa nesta quinta-feira, 15 de fevereiro, nas mais de 5.000 escolas da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP). Um dos materiais mais importantes no processo de ensino aprendizagem é o livro didático. Sua importância é destaque de um artigo clássico, escrito pelo Acadêmico Wander Soares no site da ABRELIVROS.
O Livro didático e a Educação
por Wander Soares
“O livro didático surgiu como um complemento aos grandes livros clássicos. De uso restrito ao âmbito da escola, reproduzia valores da sociedade, divulgando as ciências e a filosofia e reforçando a aprendizagem centrada na memorização. E, por longos anos, ele cumpriu essa missão.
Hoje, o livro didático ampliou sua função precípua. Além de transferir os conhecimentos orais à linguagem escrita, tornou-se um instrumento pedagógico que possibilita o processo de intelectualização e contribui para a formação social e política do indivíduo. O livro instrui, informa, diverte, mas, acima de tudo, prepara para a liberdade.
A confecção do livro didático exige anos de pesquisa e estudos. O professor tem em mãos uma preciosa ferramenta, que complementa seus conhecimentos, expande sua cultura e funciona como instrumento de atualização. A cada ano, são introduzidos novos dados ao conteúdo das obras, o que possibilita acompanhar a evolução das idéias e dos conceitos. Ainda mais aqui no Brasil, onde se remunera tão mal os professores, e muitas vezes não lhes permitindo passar pelo necessário processo de formação continuada.
Infelizmente, em diversas partes do país, quem leciona tem formação inadequada e desconhece as técnicas e os processos de ensino. Nesses casos, o livro acaba se tornando única fonte e meio de informação.
Em virtude disso, é básico para todo educador que o material didático ganhe em qualidade, tanto na forma quanto no conteúdo. Essa exigência faz com que as editoras especializadas do setor empenhem o melhor de seus esforços em desenvolver projetos visuais arrojados, aprimorem os conceitos, adicionem acessórios aos produtos de modo a possibilitar maior integração nos aspectos gráfico e editorial, o que acaba também por se tornar fator de motivação para professores e alunos.
É dever do Estado, com seus programas educacionais, proporcionar aos alunos da rede pública de ensino o mesmo acesso aos livros de primeira qualidade utilizados por alunos da rede privada.
A melhoria do ensino envolve interesses econômicos, políticos e estratégicos. Como na reforma agrária, não adianta proporcionar a terra sem que sejam, também, oferecidas as condições mínimas para que ela seja cultivada.
Na educação, igualmente não basta acontecer a evolução do livro, embora ele seja de significativa importância. Antes de proporcionar uma ferramenta de qualidade ao aluno e seu professor, é preciso que ambos tenham, entre outras exigências fundamentais, condições de preparo e um lugar adequado para utilizá-lo. Um espaço físico que proporcione segurança, comodidade, liberdade e a possibilidade de atualização e aperfeiçoamento dos professores, o que, até o momento, inexiste na maioria das escolas brasileiras.”