Sustentabilidade Econômica e Educacional do Brasil.
I – No Brasil, tanto a Economia, como a Educação continuam a andar aos trancos e barrancos, sem embargo de, na última campanha presidencial, haverem elas sido prioridades nos discursos dos candidatos. A economia, porque os responsáveis por sua condução, compromissados com doutrinas estatizantes, odeiam o capitalismo e a livre iniciativa e, com isso impedem as forças produtivas de se soltarem das amarras de uma ação regulatória que, em vez de olhar pelo para-brisa, enquanto se guia o carro, prefere as imagens do espelho retrovisor! Fala-se muito em desenvolvimento e age-se, na prática, contra ele, quando, nos contratos, por exemplo, das P.P.Ps se impede a lucratividade flexível do investimento privado nas obras e na gestão dos projetos de infraestrutura do país. Enquanto que no mundo todo, (até na China que é um país comunista), se estimulam as realizações empresariais da iniciativa privada, o governo do Brasil insiste em demonizar o lucro, nessa irreal e romântica mania de achar que o lucro, em vez de possibilitar ganhos que, por meio de impostos e outros mecanismos de distributivismo social, acabariam beneficiando a coletividade, apenas enchem as burras dos empreendedores. Pratica-se, aqui, na política econômica em vigor, a anedota segundo a qual, apenas um dos soldados do desfile mantém o passo certo, enquanto que os demais, aos milhares, seguem os tambores com o passo errado! Pela visão dos “policy makers” brasileiros, o resto do mundo está errado nas suas práticas econômicas e só o Brasil consegue acertar o passo, com essa teimosia maluca em querer superar a crise econômica por via apenas do consumo: um consumo, aliás, a ser sustentado, não se sabe como, por um consumidor sem renda e um sistema econômico quase sem produção…
II – Também na educação, adota o Brasil o mesmo estilo eivado de equívocos, o que faz das futuras gerações um capital humano incapaz de pensar e de tomar decisões sobre o destino da nação. As avaliações internas e externas (a UNESCO e o PISA, por exemplo) têm mostrado à saciedade, a incapacidade das escolas brasileiras de formarem seus alunos nos conhecimentos mínimos exigidos pela modernidade científica e tecnológica, a qual colocou o conhecimento como o valor primeiro da educação dos jovens. O saber está aí, cada vez maior e mais complexo, a desafiar alunos e professores a conquistá-lo, dominá-lo e usá-lo como instrumento indispensável de compreensão do mundo atual e de suas tendências futuras. E o que se vê por aqui é uma escolaridade esquisita, que em vez de medir as insuficiências da aprendizagem e corrigi-las, adota essa excrescência das promoções automáticas, que se fundamenta não na sabedoria, senão que na ignorância, e leva os alunos do analfabetismo puro ao funcional, na conclusão do curso. Basta atentar para os resultados da aquisição de saberes pelos alunos brasileiros de 15 anos de idade, que estudam no ensino médio e que se apresentam na prova do PISA, a cada dois anos, e não conseguem demonstrar qualquer avanço em Leitura e Escrita, Matemática, Ciências (as três alavancas do processo cultural básico dos seres humanos). Nossa classificação fica no último terço entre os 65 países, que participam desse certame: não sobe na escala, nem mesmo por um milagre (como se o sucesso pudesse fazer-se por milagre, e não, por um esforço hercúleo a ser definido numa política educacional dotada de qualidade e pertinência). Daí também se explica a eterna má colocação do Brasil no IDH mundial (medida do grau de civilização e desenvolvimento de um país)! Somos a sétima economia do planeta? Somos, mas sem grande proveito para uma população pouco educada e dotada de precária participação cidadã, na vida política, econômica, e cultural do país. E quando, por aqui se fala em aumentar as oportunidades de educação, o que se faz, com frequência, é multiplicar vagas e cursos no ensino superior, que costuma ser a terceira prioridade de um sistema de educação (1ª, ensino básico; 2ª, ensino técnico; 3ª ensino superior). Nos governos mais recentes, há manifestações ufanistas dos dirigentes nesse sentido. Só que a expansão do 3º grau (superior) se faz desacompanhada de medidas indispensáveis, tais como prédios e equipamentos e, principalmente, professores capacitados e bem pagos, além de alunos bem formados na educação básica, educação essa com a qual ninguém parece muito preocupado nos governos mais recentes últimos que tivemos. Tudo isso pode ter efeitos enganosos nas estatísticas de publicidade, mas para o futuro da nação não acrescenta muita cousa.
Sempre que crescem as cobranças populares por melhor qualidade em educação, aparecem sábios de gabinete a reclamarem por uma nova reforma de ensino. Ora, no Brasil a cada decênio, em média, se fala em reforma, e quando ela sai tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Porque não é de reforma que se precisa e, sim, da tomada de medidas mais simples, porém, eficazes, na organização e no funcionamento das escolas, com prioridade para as de ensino básico (fundamentais, mediar e técnicas, neste caso não as PRONATECS, que treinam de preferência oficiais de ofícios diversos, mas técnicos mesmo na inteireza da expressão, com muito conhecimento humanístico e profissional). Medidas que retirem dos currículos saberes superados e rançosos, e se incluam disciplinas mais modernas; que também se mude o enfoque do ensino aprendizagem desse excesso de teorias, como soi, acontecer, para um equilíbrio maior entre teoria e prática; e que, no aspecto didático se arquive de vez o “magister dixit” (até porque na velocidade com que o saber se multiplica e modifica, hoje, nenhum professor, ainda que fosse um Aristóteles, seria capaz de atualizar-se atualmente no dia-a-dia) e se implemente com ênfase na aprendizagem do aluno, a autodidaxia das pesquisas bibliográficas, internéticas e televisivas, sob a orientação constante de professores reciclados o tempo todo para isso; e por falar em professor, que se modifique radicalmente a estrutura e o funcionamento dos cursos de licenciatura, formando docentes menos eruditos e mais cultos, isto é, menos especializados nas teorias pedagógicas da história da educação, e mais funcionais no uso da avançada tecnologia das comunicações, voltada para os recursos da computação e da imagética, como base de uma nova didática. Serão medidas como essas, que restaurarão o respeito pela escola e resgatarão o prestígio do processo ensino-aprendisagem do aluno do século XXI, o qual quando adentra hoje a sala de aula, passa a sentir-se alguém dos séculos XIX e XX! E que não mais se cogite tanto de uma inútil e dispensável reforma educacional.
Governo novo, cabeça nova e políticas mais objetivas e aplicadas, seja na Economia, seja na Educação. Estamos de acordo?