Conceitos e Preconceitos na Educação Brasileira.
CONCEITOS E PRECONCEITOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Carlos Rolim Affonso INTRODUÇÃO Enquanto escreviamos algumas considerações a respeito dos conceitos e preconceitos que vigem em nosso sistema educacional, recebemos a notícia da canonização daquele que fora, a partir de 13 de julho de 1553, ainda como noviço e com apenas 19 anos de idade, um dos primeiros missionàrios a atuar na terra de Santa Cruz, o Brasil, acompanhando o Padre Manoel da Nóbrega à nova missão de Piratininga. Daí para a frente, tornou-se, não só um Missionário Jesuita, mas, também, o “Apóstolo do Brasil”, dedicando-se, ainda, à Educação e à Saúde de índios, colonos e jovens, em geral. E é como exímio defensor da educação o que nos leva a citá-lo nesta introdução, primeiro na esperança de que sirva de exemplo e modêlo para os atuais gestores e educadores brasileiros e, em segundo, por ser ele o Patrono da Cadeira No. 10, que ora ocupamos, com muita honra, na nobre Academia Cristã de Letras, de que fazem parte mais 39 notáveis Escritores, Poetas, Contistas e Educadores… Ao tentarmos fazer uma análise do que vem acontecendo no sistema educacional brasileiro, deparamos com vários componentes que vêm colocando nossos alunos como protagonistas de uma avaliação, elaborada por entidades nacionais e internacionais, classificando-os na categoria de desempenho muito baixo.. Enquanto isso, muitos países, até há pouco tempo com baixo desempenho na área educacional, vêm modernizando seu processo de ensino/aprendizagem, fazendo com que seus alunos consigam obter bons e ótimos resultados nas mesmas avaliações a que foram submetidos os alunos brasileiros UMA VISÃO PANORÂMICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Em uma observação atenta do atual estágio do desenvolvimento brasileiro, verifica- se de imediato, em comparação com outros países, um déficit muito grande no grau de aprendizagem dos alunos, tanto no nível fundamental quanto nos níveis médio e superior. A posição que o Brasil ocupa, na área educacional, na avaliação das diversas instituições que se incubem de realizar as pesquisas necessárias, é preocupante, mesmo se comparada com países de nível socioeconômico menor. E isso é notório há muitos anos, desde o início dessas pesquisas, acarretando um índice de repetência elevado, dificultando o acesso ao mercado de trabalho a muita gente. Numa era de elevada competitividade, a sociedade, com a falta de cidadãos competentes, se vê alijada das diversas concorrências deste mundo globalizado e em contínuas mudanças progressistas.. Por outro lado, chega a ser alarmante o número de repetências e desistências nos três níveis de ensino, acrescidos daqueles que, por um motivo ou outro, saem da escola, após concluírem os respectivos cursos, na condição de analfabetos funcionais, incapazes de entenderem um texto lido e/ou de fazerem uma simples operação aritmética.. A situação dentro deste quadro agrava-se, ainda mais, quando se vê o descaso e/ou indiferença dos poderes da República com as infindáveis protelações na aprovação da lei que dispõe sobre o novo Plano Nacional da Educação, onde reformas estruturais são propostas, justamente para proporcionar modernas alternativas de desenvolvimento educacional e que objetivem preparar melhor uma juventude que anseia entrar no mercado de trabalho, que vem há tempos reclamando por profissionais competentes. O panorama se deteriora quando se lê o relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União (25/03/2014), onde se constata um déficit de 32,7 mil professores, especialmente nas áreas de física, química, biologia e sociologia, acrescido de dados estarrecedores, em que se revela a existência de 41 mil docentes sem formação específica em nenhuma das disciplinas do ciclo médio e que 61 mil professores se encontram fora das salas de aula – 40 mil, exercendo atividades administrativas, 5 mil cedidos a órgãos públicos, sem qualquer relação com a área educacional e 16 mil em outros tipos de afastamento. Nesse caos, os governos federal, estaduais e municipais, têm recorrido a contratação de professores temporários que, na maioria dos casos, não apresentam o preparo necessário, além de ultrapassarem, frequentemente, o caráter de t e m p o r á r i o. Na opinião do vice-diretor da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil deve investir mais em professores para atrair profissionais talentosos, enfatizando a necessidade de motivar os bons alunos para optarem pela carreira da docência, nos diversos níveis de ensino. Aproveitando essa citação sobre a OCDE, apresentamos, a seguir, um resumo de um quadro intitulado “RANKING DA SALA DE AULA”, onde se relata os resultados de uma pesquisa feita em 2012, envolvendo alunos de 65 países, que foram avaliados em 3 questões: leitura, matemática e ciência. Leitura Matemática Ciência País Ptos País Ptos País Ptos 1º. Xangai 570 ! Xangai 613 ! Xangai 580 2º. Hong Kong 545 ! Cingapura 573 ! Hong Kong 555 3º. Cingapura 542 ! Hong Kong 561 ! Cingapura 551 . 55º.Brasil 410 ! Uruguai 381 ! méxico 415 . . 58º.Jordania 399 ! Brasil 391 ! Argentina 406 59º. Malásia 398 ! Argentina 388 ! Brasil 405 !______________________________________________________________! O quadro acima fala por si só, demonstrando o quanto teremos que melhorar o nosso processo educacional, a fim de aproximarmo-nos do desempenho escolar dos alunos que pertencem, pelo menos, aos 10 primeiros países desse ranking. Transcrevo aqui, o que relatou o douto mestre, Dr. Paulo Nathanael Pereira de Souza, em seu artigo “Educação e Saber”, da Coleção CIEE- 72, 3ª. Edição – 2008: “Só a educação de qualidade, voltada para o domínio do conhecimento e aberta a toda a população, assegura às nações modernas efetiva prosperidade e permanente padrão de competitividade global. A recíproca é também verdadeira: povo deseducado, seja por falta de escolas, seja por desatualização pedagógica, estará, para sempre, condenado ao subdesenvolvimento sócioeconômico e cultural. Especialmente nestes tempos de prevalência do saber, como elemento condicionador do poder e da riqueza”. Acresce notar o que foi divulgado pelo Centro de Educação Básica do Ministério da Educação, em 27/02/2014, sobre o que vem acontecendo nesse ciclo, e também no ciclo Médio, no que diz respeito à frequência de alunos nesses ciclos. Enquanto o número de alunos diminui no ciclo básico, pela diminuição de repetências (o que é bom), no ciclo médio, há também uma diminuição, porém, devido à desistências, que vêm ocorrendo e em grande número. O quadro é, de certa forma melancólico, pois, em 2013, o número de alunos atingia a quantia de 8,312 milhões e em 2007, essa quantia era de 8, 376 milhões, o que nos leva a concluir, baseados no crescimento vegetativo dessa população, que cerca de 1,5 milhão de jovens, de 15 a 17 anos, estão fora da escola, acarretando um certo gargalo em nosso processo educacional, provocado por uma certa discrepância com o que vem ocorrendo nos dois outros níveis de ensino, no fundamental e no superior, onde a atratividade vem sendo bem maior. Novamente, põe-se de manifesto o grave problema de Gestão, visto que o investimento no ensino médio tem sido substancioso, principalmente no período de 2000 a 2013, embora, pelo que se comenta na mídia, há carência de professores e de laboratórios equipados. Cumpre salientar que esses problemas estão mais presentes nas escolas públicas, enquanto que nas escolas particulares ocorre o contrário, havendo, nestes últimos anos, um sensível aumento de matrículas, ultrapassando a cifra de 400 mil alunos. Recentemente (2011), o governo brasileiro, através da CAPES e do CNPq, lançou o programa “Ciência sem Fronteiras”, objetivando internaciolizar o nosso sistema de ensino, por meio de intercâmbio, para docentes e pesquisadores estrangeiros, com o propósito para reduzir a distância entre as universidades nacionais e as de outros paises. E, como soe acontecer em outras áreas do saber, em nosso país, sempre ocorrem problemas de GESTÃO de certas atividades educacionais mais complexas, como esse programa, envolvendo mais de 100 mil bolsistas. Prova disso, é o conteúdo da ata da 10ª. Reunião do Comitê Executivo do referido Programa, a que teve acesso um jornalista do Estadão ( pg. A3, de 27/02/2014), que relata o que segue: a) atrasos no depósito das bolsas e auxílio-alimentação dos bolsistas, b) milhares de bolsistas não tinham condições de assistir às aulas e de participar de experiências compartilhadas em laboratórios, por falta de fluência na língua inglesa, c) a iniciativa privada, por discordar dos critérios adotados pelo governo para a seleção de bolsistas, deixou de bancar certas bolsas que havia prometido em 2011, d) passados 3 anos de funcionamento, o programa não vem conseguido atrair para o Brasil cientistas de outras nacionalidades, nem mesmo os pesquisadores brasileiros que atuam em paises desenvolvidos. Por outro lado, felizmente, várias instituições de ensino (USP-Lorena e algumas FATECs), resolveram unir esforços para formar os componentes de seus professores com novas metodologias de ensino, que já vêm sendo usadas na Harvard University e no Massachusetts Institute of Tecnology, dos Estados Unidos e com significativo sucesso. Trata-se de iniciativa que visa formar, no prazo de 3 anos, 300 docentes, compromissados a serem multiplicadores nas instituições de origem, abrangendo 1 500 professores. Façamos votos que outras escolas incorporem essa ideia e busquem outros exemplos de efetivo sucesso, alcançados por outras instituições, dando aos seus professores e alunos, melhores condições que os incentivem a utilizarem um novo processo de ensino/aprendizagem mais eficáz. Mais uma vez, enfatizamos a necessidade urgente de novas medidas serem tomadas pelas autoridades competentes, para que seja dado um fim nessa calamitosa evasão do ensino médio, pois é daí que poderá vir a força de trabalho profissional que tanta falta vem fazendo ao mercado de trabalho e, por consequência, à economia brasileira, como bem vem salientando o notável economista brasileiro Ilan Goldfajn, na mídia e em suas palestras. Pelo exposto até aqui, listamos, a seguir, os conceitos e preconceitos que vigem na área educacional de nosso país, na expectativa de que, num futuro próximo, possamos alijar os “preconceitos” e batalhar pela prevalência dos “Conceitos”. CONCEITOS PRECONCEITOS – A Educação, se eficaz, produz conhecimento e, se bem aplicada, promove desenvolvimento. – Uma escola bem estruturada e bem construída sempre proporciona boa educação. – A situação educacional no Brasil é crítica em comparação a de muitos países menos desenvolvidos. – O Brasil caminha célere para alcançar um bom desempenho no cenário internacional. – O Plano Nacional de Educação em discussão no congresso brasileiro representa uma certa esperança para a solução de alguns problemas da área educacional. – Com a aprovação do PNE, o Brasil se colocará em condições de aproximar-se dos países mais desenvolvidos. – O desenvolvimento econômico, em muitos países, fica na dependência, quase que exclusiva, do desenvolvimento educacional. – Para o governo brasileiro, a prioridade, no momento, é para o desenvolvimento econômico. – Os movimentos sociais, no Brasil, pleiteiam, prioritariamente, mais atenção à melhoria da política educacional. – As lideranças políticas, no Brasil, lutam com mais frequência pela melhoria salarial dos funcionários públicos. – Muitas escolas estão procurando empregar, adequadamente, as novas tecnologias no processo ensino/aprendizagem. – As novas tecnologias educacionais são a solução para melhorar a qualidade do ensino brasileiro. – Um país, para aumentar sua produtividade, deve, antes, cuidar para que sua população seja bem qualificada. – Para que um país aumente sua produtividade, basta que disponha de um número suficiente de escolas. – Enquanto escassearem os recursos para bem remunerar o pessoal dirigente e docente das escolas, nenhuma reforma educacional atingirá seu objetivo. – Os problemas brasileiros relacionados à Educação só serão resolvidos com o aumento dos salários dos professores. – O uso da tecnologia na Educação é um caminho sem volta. As instituições de ensino que dela não fazem uso tendem a desestimular e alienar seus alunos. – O uso das novas tecnologias da Educação possibilita sempre um aprendizado mais eficaz. – Para assegurar boas oportunidades de empregabilidade aos jovens, torna-se indispensável garantir-lhes, já, oportunidades de receberem uma contínua e plena educação de qualidade. – As escolas, no Brasil, estão aptas a fornecerem cursos que garantam empregabilidade a seus alunos. – Muitas empresas vêm tomando a iniciativa de elas mesmas prepararem seus empregados para o exercício de suas tarefas. – As escolas brasileiras, através de seus cursos, sempre preparam seus alunos para o mercado de trabalho. Outros conceitos e preconceitos poderiam ser elencados, mas ficamos apenas nesses, pois são suficientes para demonstrar o quanto ainda é necessário ser feito para atingir um padrão de ensino que atenda aos anseios de uma educação de qualidade, a que todos os brasileiros esperam e têm direito, Com o advento das novas tecnologias telemáticas, os procedimentos voltados para o processo educativo, de muitas delas, vêm sendo utilizados, até desabusadamente, tanto para o ensino presencial quanto para o ensino a distância, envolvendo, hoje, quasi 7 milhões de alunos. Aliás, nós mesmos, junto com alguns colegas ( Arnold Fioravante, Samuel Pfromm Neto e Aleexandre Bonaparte, pelo CIANET – Centro Interetivo de Administração, Negócios e Educação) e em convênio com a Siracuse University, do Estado de New York), tivemos a oportunidade, na última década do século passado, de organizar e implantar o primeiro curso de Tecnologia Educacional e Educação a Distância, de pós-graduação (stricto sensu), contando com a participação de especialistas dessa Universidade. . Infelizmente, por não estarmos vinculados a nenhuma universidade brasileira, o MEC não dava o crédito devido aos nossos formandos, embora a referida Universidade de Siracuse a desse com aceitação internacional. Todavia, o importante, na época, foi o aproveitamento que os alunos tiveram e que, hoje, certamente estarão difundindo o que aprenderam e assistindo o desabrochar de um sistema de ensino que envolve milhões de alunos, nos diversos níveis de aprendizado. Lembramos que, embora o uso da telemática tenha facilitado o acesso à educação a um grande número de pessoas, verifica-se que a qualidade vem deixando muito a desejar, quer por parte do alunado quer por parte de algumas entidades escolares que a utilizam. Daí decorre o grande desafio aos educadores, que é o de saber usar, adequada e oportunamente, as tecnologias que mais facilitam o aprendizado, seja para o ensino presencial ou para o ensino a distância. Agora mesmo, neste início do ano de 2014, os noticiários dão conta sobre a construção de um computador que imita as sinapses do sistema nervoso central, sendo capaz de pensar, de tomar decisões e de corrigir seus próprios erros, envolvendo a participação de inúmeros cientistas europeus do Human Brain Project, com produção comercial prevista para o ano próximo – 2015. O importante é considerar que os paises mais desenvolvidos já começam a preparar seus técnicos, sendo que, só na Universidade de Stanford, 760 estudantes estão se capacitando para operar essa invenção, além de outras já em processo de gestação, como a transmissão de imagens diretamente ao cérebro, sem passar pela visão, acelerando, assim, a aquisição de novos conhecimentos. E o Brasil, querendo ser competitivo, não pode deixar de se preparar para a formação desses novos técnicos, tarefa não fácil para um país carente de mão de obra especializada em muitas áreas do saber e, principalmente, na área da tecnologia da informação (TI). Dentro desse desafio está o de incrementar o que algumas instituições escolares já vêm fazendo com sucesso, a personalização do ensino, que tem como grande vantagem oferecer a oportunidade de acelerar a aprendizagem, levando em conta as diferenças individuais. É importante ressaltar, entretanto, que a pluralidade de cursos oferecidos pelas escolas brasileiras, nem sempre comungam com a qualidade necessária para tirar o Brasil da incômoda posição que ocupa no “ranking” internacional, o que passa a exigir de nossas autoridades, públicas e privadas, urgentes providências, visando dotar as escolas com estruturas, procedimentos, metodologias, corpo docente e, principalmente, gestores mais qualificados, com visão de futuro.. O impasse pelo qual está subjugada a educação brasileira só poderá ser vencido se todos os que, direta ou indiretamente, estejam ligados à problemática educacional, venham a estabelecer um pacto pró-desenvolvimento do nosso país, deixando de lado desavenças metodológicas, políticas e partidárias, que é a grande praga que boicota o ideal de uma maioria que quer o progresso de seu povo. Há pouco tempo, recebemos uma notícia em que, nos últimos 20 anos houve, sim, uma melhora na performance das escolas públicas, em função de um maior aporte de recursos financeiros e que insere a educação como SEGUNDA prioridade do governo federal, estando a saúde na prioridade UM. Em termos numéricos, isso representa um percentual do PIB nacional superior ao de muitos países com IDH menor que o do Brasil, o que atesta que o nosso atraso não está atrelado somente aos recursos financeiros, mas principalmente aos fatores relacionados com a grade curricular, a certas metodologias pedagógicas retrógradas, a uma gestão ineficiente dos recursos disponíveis e a falta de motivação e de preparação adequada dos professores, face aos baixos salários a eles atribuídos. É do senso comum a constatação de que, em qualquer parte do universo em que vivemos, o desenvolvimento em todas as áreas de atuação do homem está na dependência direta da adoção de um processo educacional permanente, inclusivo, eficiente e eficaz e que possa contribuir com o desenvolvimento de suas faculdades físicas, intelectuais e morais, incluindo as virtudes humanas, tão necessárias quanto indispensáveis às boas relações sociais (citamos, a seguir, agumas dessas virtudes, que julgamos indispensáveis na prática da educação infantil, fundamental, média e superior: veracidade, dignidade, respeito, gratidão, responsabilidade, lealdade, justiça, laboriosidade, solidariedade, constância, paciência, alegria, caráter, ética e muitas outras). Essas virtudes, se ensinadas no lar e reforçadas na escola, dão à educação uma dimensão elevada e grandiosa, que muito facilitará a adaptação dos alunos à vida familiar, escolar, social e profissional. Só assim os estudantes se tornarão capazes de dar uma melhor contribuição na construção de um país mais forte, produtivo e competitivo neste mundo globalizado.. Vale a pena, também, lembrar os resultados positivos que experimentações recentes, realizadas no Rio de janeiro, pelo Instituto Ayrton Senna e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, envolvendo 25 mil crianças, e que melhoraram o desempenho dos alunos. A estratégia utilizada, mostrou que alunos organizados e com sede pelo conhecimento, vão melhor na escola, desde que sejam induzidos a utilizar suas competências socioemocionais (responsabilidade, autoestima e estabilidade emocional). A pesquisa ainda revela a indispensabilidade do incentivo dos pais e a possibilidade de ser estendida a alunos das escolas públicas, o que seria um grande benefício para a nossa pátria. Atualmente, o que se anuncia, é a destinação de mais verbas para a educação ( vide o prometido com o pré-sal), quando, na realidade, o que temos de porcentagem do PIB destinada a ela é maior do que em muitos países menos desenvolvidos, cuja porcentagem de seu PIB é bem menor do que a do Brasil, o que nos leva a concluir que o problema brasileiro é mais de GESTÃO do que de falta de recursos financeiros. A propósito, registramos aqui, como nos Estados Unidos, o problema da gestão educacional vem sendo enfrentado e com muito sucesso. Em Nova Iorque, por exemplo, foi criada, pela prefeitura, uma ACADEMIA DE LIDERANÇA, com o objetivo específico de capacitar GESTORES DE ESCOLAS, a fim de prepará-los para bem orientar os professores em sua complexa e desafiadora missão de ENSINAR seus alunos a terem habilidade para lidar com pessoas, se expressar bem, saber gerir seu próprio tempo, ter o hábito de dar feedback, estar aberto a terem o trabalho avaliado e, se necessário, rever suas ações. Também, nos Estados Unidos, e servindo de alerta para nós, dois professores da Universidade de Oxford (Carl Frey e Michael Osborne), em entrevista dada à revista ÉPOCA (24/02/2014), afirmaram que 47% das profissões correm o risco de passar a ser exercidas pelas máquinas, semelhantes aquela que, numa partida, derrotou o russo Kasparov, campeão mundial de xadrez, em 1998. Chegaram à conclusão que mais de 700 ocupações, principalmente das áreas de logística, escritório e produção, poderão ser executadas por máquinas, o que provocará profundas alterações,no mercado de trabalho, através do novo preparo funcional, da realocação dos recursos humanos e da necessária habilitação para a operação das novas e mais avançadas máquinas. Pelo que foi comentado até aquí, podemos concluir que a sociedade brasileira está necessitando, urgentemente, de uma educação que ensine a pensar criticamente, raciocinar com lógica e que ofereça um caminho de amadurecimento na prática dos valores humanos, sociais, morais e culturais e que garanta a formação de cidadãos capazes de contribuirem para o desenvolvimento de nosso país. Entendemos ser oportuno registrar, também, o que foi respondido pelo sociólogo italiano Nuccio Ordine, a uma pergunta feita pelo jornalista do Estadão, João Marcos Coelho, sobre UTOPIAS (09/02/2014): “Somente o SABER pode fazer frente ao domínio do dinheiro, pelo menos por três razões. A primeira: com o dinheiro pode-se comprar tudo (dos juizes ao parlamentares, do poder ao sucesso), menos o conhecimento, que não se adquire, mas se conquista com grande empenho interior. A segunda razão diz respeito à total reversão da lógica do mercado. Em qualquer troca econômica há sempre uma perda e um ganho. Se compro um relógio, por exemplo, “perco o dinheiro e fico com o relógio; e quem me vende o relógio “perde” o relógio e fica com o dinheiro. Mas, no âmbito do conhecimento, um professor pode ensinar um teorema sem perdê- lo. No círculo virtuoso do ensinar, enriquece quem recebe ( o estudante), enriquece quem dá. Trata-se de um pequeno milagre. Um milagre- e essa é a terceira razão–que o dramaturgo Bernard Shaw sintetiza num exemplo: “se dois indivíduos têm uma maçã cada um e fazem uma troca, ao voltar para casa cada um deles terá uma maçã. Mas se esses indivíduos possuem cada um uma idéia e a trocam, ao voltarem para casa cada um deles terá duas idéias”. Mesmo se em alguns momentos da história o saber não soube ou não pôde eliminar por completo a barbárie, não temos outra. Devemos continuar a crer que a cultura e uma educação livre são os únicos meios para tornar a humanidade mais humana e mais culta”. “Depois do pão, a educação é a primeira necessidade de um povo”. ( frase de um político francês, Georges Jacques Danton – século XVIII)