UNESCO/ 2ª Conferência Mundial/ Educação Superior.
Editorial
UNESCO / 2ª CONFERÊNCIA MUNDIAL / EDUCAÇÃO SUPERIOR
Flavio Fava de Moares, 2009
Realizou-se de 5 a 8 de julho-2009 a 2ª Conferência Mundial sobre Educação Superior (a 1ª
foi em 1998), promovida e transcorrida em Paris na sede da UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Desta vez a temática foi: “As novas dinâmicas
do Ensino Superior e da Pesquisa para mudanças Sociais e Desenvolvimento”.
Com reduzida participação da comunidade acadêmica brasileira (exceto as presentes com
representação oficial: MEC, CNPq, CAPES e o próprio Presidente da República que foi
receptor de relevante premiação) o evento congregou cerca de 1.200 especialistas de 150
países. Estivemos presente como convidado face ao período de 9 anos em que ocupamos a
vice-presidência da IAU (Associação Internacional de Universidades) com sede na própria
UNESCO.
O programa dedicou várias sessões plenárias e inúmeras reuniões paralelas focando desafios,
dilemas e oportunidades de importantes, polêmicos e diversificados temas do ensino superior
que foi reiterado como bem público ao interesse e necessidades das várias nações presentes.
Com resumida visão do ocorrido citamos o conteúdo do Comunicado Final da Conferência em que
são recomendadas 73 ações entre capítulos e subitens que abordam questões da educação
superior sobre responsabilidade social, capacitação docente, acesso/ equidade/qualidade;
relevância, globalização/internacionalização/ regionalização,
pesquisa/inovação/financiamento, ações necessárias dos Estados e da própria UNESCO, além de
uma resolução específica com enfoque para a educação superior no continente africano.
Dentre estes tópicos, a título de simples exemplo consolidou-se o papel crucial da educação
superior para a transformação sócio-cultural e promoção da paz, liberdade de expressão e
desenvolvimento econômico sustentável através do diálogo com a sociedade e os poderes
públicos.
Estabeleceu-se a convicção de que “forças de mercado” do sistema empresarial e missão
social da Universidade não são incompatíveis desde que não crie falsas esperanças e muito
menos dependências comprometedoras que abalem a autonomia acadêmica responsável (já muito
violada em países com conflitos de várias naturezas!).
O tema também em voga da chamada Universidade de Classe Mundial teve como uma de suas
realidades a mobilidade internacional de graduandos que em 2007 foi de 2.8 milhões de
estudantes dos quais 421 mil oriundos da China. Nestas universidades também sobressaiu a
considerável presença no corpo docente de especialistas de outras nações na ordem de 30% em
Harvard e 36% em Oxford.
O potencial e o desafio tecnológico do ensino a distância e sua correlação entre qualidade
e maior acesso conforme o poder econômico de países desenvolvidos ou onde há pobreza,
deficiências cognitivas e falta de infra-estrutura não deixou de estarem presentes. Como
nesta área já são muitas as experiências vivenciadas em várias nações citamos um inusitado
exemplo da China onde a Shangai Television University tem 4 milhões de alunos matriculados
dedicados apenas a idosos e imigrantes!!!
Destaque-se que todas as decisões do evento sempre tiveram a preocupação de objetivar a
tomada de ações indispensáveis e não apenas de estabelecer um elenco de sugestões que não
gerem consequências e avaliações concretas.
Não é possível desenvolver neste editorial toda a riqueza da Conferência Mundial e do farto
material distribuído na ocasião. Mas não poderíamos deixar de divulgar a sua realização e
convidar a todos os vocacionados ao ensino superior e que tenham interesse no documento
final e/ou sobre vários documentos setorizados que acessem os seguintes sites para maiores
informações, a saber: www.unesco.org – centre.iau@unesco.org.
Já publicado no Jornal da Fundação Faculdade de Medicina/Agosto-2009.
Prof.Dr. Flavio Fava de Moraes
Diretor Geral da FFM, Professor Emérito do
Instituto de Ciências Biomédicas – USP
Acadêmico da Academia Paulista de Educação – Cadeira nº 1
Ex: Reitor da USP,
Diretor Científico da Fapesp e
Secretário de Estado da Ciência e Tecnologia