Nilson José Machado é o novo membro honorário da APE.
Na última reunião, em 06 de dezembro de 2018, da Academia Paulista de Educação, presidida por Wander Soares, tomou posse como membro honorário, Nilson José Machado.
O Discurso de saudação foi feito pelo Acadêmico João Gualberto de Carvalho Meneses, que ocupa a cadeira nº 05, cujo Patrono é João Kopke, segue a fala de João Gualberto na íntegra:
ACADEMIA PAULISTA DE EDUCAÇÃO
SESSÃO SOLENE DE POSSE DE ACADÊMICOS TITULARES E HONORÁRIOS
SÃO PAULO, 6 DE DEZEMBRO DE 2018
SAUDAÇÃO AOS MEMBROS HONORÁRIOS NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI E NILSON JOSE MACHADO PELO ACADÊMICO TITULAR DA CADEIRA Nº 5-JOÃO GUALBERTO DE CARVALHO MENESES
SAUDAÇÃO INICIAL AOS PRESENTES E AOS HOMENAGEADOS
Sinto-me muitíssimo honrado com a incumbência que o Senhor Presidente desta Academia Paulista de Educação, Professor Wander Soares me indica para saudar dois educadores de renome internacional ao ingressarem com membros honorários em nossa Academia: Doutora Nina Beatriz Stocco Ranieri e Nilson José Machado.
A Academia tem por finalidade ” congregar educadores interessados nos problemas educacionais do Estado e do País, proporcionando-lhes condições de livre debate de ideias”, segundo preceitua o Artigo 2º de seu Estatuto.
A Academia admite membros honorários ” quem se tenha notabilizado no exercício do magistério ou em estudos de real valor campo da educação”, como estabelece o Artigo 92 do Estatuto.
Hoje, nossa Academia recebe dois educadores que se notabilizam como estão a demonstrar seus currículos.
NINA BEATRIZ STOCCO RANIERI é Professora Associada do Departamento de Direito do Estado, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. É Bacharel em Direito, Mestre em Direito Constitucional, Doutora e Livre Docente em Direito do Estado. É Coordenadora da Cátedra de Direito à Educação da UNESCO- Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura.
No Conselho Estadual de Educação de São Paulo foi Conselheira e Vice-Presidente. Tem exercido atividades administrativas e técnicas em órgãos estatais. São conhecidas suas inúmeras e ricas atividades educacionais
Mas, não poderia deixar de me referir às suas obras publicadas, de modo especial, “Teoria do Estado: do Estado de Direito ao Estado Democrático de Direito”. E coordenadora da obra “Direito à Educação e direitos na educação em perspectiva interdisciplinar”, (UNESCO, 2018).
Seus trabalhos de pesquisadora na área de Direito à Educação como Direito Público Subjetivo assegurado pela Constituição Federal estão na lista das principais fontes de consolidação do Direito Educacional.
Na mesma linha encontra-se “Autonomia Universitária. Direito à Educação — Aspectos Constitucionais”.
E extensa a lista de artigos publicados na área do Direito.
Professora Nina Ranieri: Muito mais teria eu para relatar sobre sua rica obra profissional de educadora e jurista.
Nossa Academia Paulista de Educação engrandece com a sua vinda.
Também estamos recebendo o Professor Nilson.
NILSON JOSÉ MACHADO é Professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Leciona na USP desde 1972, inicialmente no Instituto de Matemática e Estatística e, a partir de 1984, na Faculdade de Educação.
É Mestre em História e Filosofia da Educação, Doutor em Filosofia da Educação, Livre Docente em Epistemologia e Didática.
Foi Professor Titular da FEUSP. Desde 2016 atua como Professor Senior, com atividades voltadas para a Formação de Professores. Foi Professor Visitante do IdEA-Instituto de Estudos Avançados da USP no Programa Educação para a Cidadania..
Coordena o Grupo de Estudos sobre a Educação Básica Brasileira,
Tem uma rica produção de artigos e livros.
É autor de cerca de vinte livros paradidáticos para crianças a partir de cinco anos.
O ensino da Matemática está presente em seus escritos. Matemática e Educação. Matemática e Língua Materna. Matemática e Realidade. Ensino da Matemática: Pontos e Contrapontos.
Mas, a Educação está presente em suas preocupações de Educador. Ética e Educação; Educação e Autoridade; Cidadania e Educação; entre outros.
Professor Nilson
Estas rápidas citações são apenas para saudá-lo no momento de sua entrada em nossa Academia que fica muito honrada e espera sua participação.
Discurso de posse de Nilson José Machado, como Membro Honorário:
PREZADOS ACADÊMICOS,
CARÍSSIMOS E SOLIDÁRIOS EDUCADORES E AMIGOS PRESENTES,
Sobre a honrosa homenagem que hoje nos prestam, tenho três certezas, que publicamente registro:
– estou certo de que não a mereço, diante de tantos educadores denodados, verdadeiros mestres com tantos relevantes serviços prestados em múltiplas instâncias à educação paulista.
– minha segunda certeza, portanto, é a de que estou aqui representando humildemente a figura de um professor, por vocação e opção, que nunca exerceu outra função, e cujas ações em outros terrenos que não o da docência sempre resultaram de um transbordamento natural de uma primordial ação docente;
– a terceira certeza que registro é a de que, já que aqui estou, farei todo o possível e o imaginável para justificar, daqui para a frente, a grande honraria que significa participar deste espaço.
A Academia é um espaço importante, é um lugar de respeito com o sentido mais nobre do verbo respeitar. Res + spectare significa olhar para trás, para a história, para inspirar-se no que já foi e alimentar o que ainda virá. Não se trata de idealizar o passado e subvalorizar o futuro, mas sim de projetar o futuro em consonância com nossas origens mais caras.
A Academia é um lugar da Tradição, da Conservação em seu sentido mais nobre, da valorização da Cultura educacional. Em sintonia com a etimologia, a Cultura advém de Culturus, que é futuro, e não apenas o passado, o culto, o cultivado. Culturus significa discernir o que precisa ser preservado, para além passado e do presente, e guardado com carinho para os que ainda virão. Uma concepção mais profunda da própria noção de tolerância a irmana com a ideia de tradição, com a cultura. Na construção do futuro, precisamos levar em consideração não somente as opiniões dos que estão presentes, mas também a dos que já se foram, e isto se chama respeitar as tradições. É justamente a tolerância e o respeito estendidos ao passado que dá vida à ideia de tradição.
Esse laço inelidível com a tradição expressa-se modernamente na força alegórica do pensamento de diversos autores, como Bauman, com a ideia de retrotopia, ou de inspirar-se no que já foi para idealizar o que virá. Afinal, desde Janus, o deus romano que ostenta duas faces opostas, é preciso olhar o passado para projetar o futuro.
Nesse jogo de referências cruzadas entre o passado e o futuro, a Academia funciona efetivamente como um lugar da homeostase, ou da busca do equilíbrio dinâmico entre a transformação e a conservação, nas mais significativas situações vitais. O entusiasmo na busca da inovação não pode elidir o fato de que o novo não é um valor. Se algo novo é valioso, é preciso compreender as razões desse valor, o que abre um espaço interessante para o diálogo entre a criação e a inovação. Lugares como a Academia representam espaços de depuração da inovação por meio da explicitação da criação como um valor.
Agradeço muitíssimo o nobre acadêmico que hora me apresenta, o eminente professor João Gualberto de Menezes, que há décadas aprendi a respeitar e admirar. Desde a década de 1980, quando mestre João Gualberto era parceiro, nas lides acadêmicas, de meu saudoso orientador José Mário Pires Azanha, aprendi a sorver das mínimas palavras trocadas entre ambos, em inspirados cafés acadêmicos, lições inspiradoras tanto no campo educacional quanto no terreno da vida.
Recebo, pois, esta homenagem com plena consciência de meu tamanho e do tamanho do esforço que farei para merecê-la. A todos, meus sinceros agradecimentos, e mãos à obra!
São Paulo, dezembro de 2018