Contribuição para a organização das Cadeiras da Academia Paulista de Educação
Por ocasião da posse de alguns acadêmicos, sentimos a necessidade, em reunião da Academia Paulista de Educação, de verificar quais eram os ocupantes antecessores das Cadeiras em que esses novos confrades seriam empossados.
A curto prazo, foi feita uma pesquisa nos vários Livros de Atas das reuniões, que nos foram entregues e levamos a termo o nosso objetivo daquele momento.
Entretanto, o manuseio desses livros, com a respectiva leitura das atas, passou a nos motivar a tentar uma organização de todas as Cadeiras, com seus patronos e todos os seus ocupantes até a data atual.
É fácil perceber que se tratava de um trabalho demorado e de pesquisa dificultada, na medida em que as atas de reuniões apresentavam assuntos variados e que não eram apenas atas de posse de acadêmicos.
Tudo isto nos levou a pensar num projeto de elaboração de um trabalho a longo prazo (porque depende da busca de informações em arquivos da Academia ou até junto aos familiares de acadêmicos já falecidos) que tenha alguns objetivos a atingir, tais como:
a) A organização das Cadeiras, com o nome de seu patrono e o nome dos seus ocupantes até o momento atual, o que já conseguimos realizar, com base na leitura de todos os Livros de Atas de reuniões e do Livro de Termos de Compromisso, por ocasião da posse dos acadêmicos. (Cabe observar, no entanto, que algumas falhas constatadas procuramos esclarecer com os confrades José Augusto Dias e João Gualberto de Carvalho Meneses, bem como com a Sra. Ruth, que presta serviços junto à Academia, os quais muito colaboraram para sanar tais falhas).
b) Coleta de dados e biografia de todos os patronos das várias Cadeiras.
c) Cópia dos discursos de posse de todos os acadêmicos que ocuparam ou ocupam cada uma das Cadeiras.
d) Cópia dos discursos de saudação aos acadêmicos empossados, desde o primeiro ocupante até o ocupante atual.
O item a desses objetivos conseguimos atingir com os dados e informações aos quais tivemos acesso. Mas a pesquisa deve prosseguir para que possamos atingir os objetivos dos itens b, c, d, acima propostos.
Justifica-se essa pesquisa porque, relendo alguns discursos que constam dos primeiros Boletins que chegaram às nossas mãos, sentimos que seu conteúdo, na realidade, expressa a Educação Brasileira, nos seus ideais, propostas, críticas construtivas e nos leva ao conhecimento dos grandes educadores paulistas, muitas vezes esquecidos pela passagem do tempo e pela falta de informações.
Entendemos que a Academia Paulista de Educação, através desse trabalho de pesquisa a ser feito em colaboração com todos os acadêmicos, fará renascer uma História da Educação Brasileira que está oculta, mas que existiu e existe com muita força e idealismo e que não se pode limitar à citação do nome do patrono da Cadeira ou de um de seus ocupantes.
A operacionalização dessa pesquisa depende da separação inicial do material de que a Academia dispõe (cujo levantamento inicial já foi feito pela Sra. Ruth), para que depois possam ser preenchidas as lacunas existentes, no contacto com os atuais acadêmicos ou com os familiares dos que já são falecidos. A dificuldade é grande, mas o resultado dessa pesquisa, por menor que seja, é sempre uma forma de valorizar o que já se fez e se faz na Educação Brasileira, exemplos vivos a serem seguidos pelos educadores de nossa pátria.
Apresentados os objetivos desse nosso trabalho, cumpre-nos, inicialmente, nos referirmos ao histórico da criação da Academia Paulista de Educação, o que faremos com a transcrição do texto publicado pelo Professor Aquiles Archero Júnior, no Boletim nº 9 da Academia Paulista de Educação (1º semestre de 1984), boletim esse que, esgotado, não é do conhecimento de todos os confrades.
Assim se refere o Professor Aquiles Archero Júnior ao Histórico da Criação da Academia Paulista de Educação:
“A idéia partiu de nós, depois de meditar a respeito de uma Associação que reunisse educadores para estudos sobre os problemas da educação. A educação no Estado de São Paulo precisava ser encarada com seriedade e achávamos que educadores com experiência, embora muitos já aposentados, poderiam trazer a sua contribuição no estudo dos problemas educacionais. Entretanto a idéia de uma Associação nos parecia recomendável em vista dos inúmeros fracassos em tentativas anteriores. A Associação Paulista de Educação, entidade fundada por Onofre de Arruda Penteado Júnior, Antônio D’Ávila, Sólon Borges dos Reis, Artur de Campos Gonçalves, Alfredo Gomes, Décio Grisi e nós, não teve duração, desaparecendo após a aprovação de seus estatutos. Pensando nisso, julgamos ser necessário uma entidade perpétua, onde seus componentes fossem vitalícios e sempre lembrados quando viessem a falecer. A idéia de uma Academia, como a de Letras, de Ciências etc. seria melhor. Assim pensando telefonamos à colega e amigaZenaide Vilalva de Araújo, trocando idéias a respeito. A Zenaide aderiu, imediatamente, à idéia, que achou ‘genial’. Marcamos uma entrevista em sua casa, à Rua das Rosas, 139 (Vila Mariana). Foi um domingo, três meses antes da fundação da APE. Nessa reunião ficou assentado convidar, de comum acordo, a terceira componente das 40 cadeiras estabelecidas. Nós ocuparíamos a 1ª Cadeira, Zenaide, a 2ª e a convidada que foi Mathilde Brasiliense de Almeida Bessa, a 3ª Cadeira.
No domingo seguinte reunimo-nos os três e a Mathilde indicou alguns nomes, tais como a Rita de Freitas e o colega Carlos Corrêa Mascaro. A Zenaide indicou o Dr. Sylvio Carvalhal, diretor da Faculdade de Medicina de Campinas e Egon Schaden. Nós indicamos o Alberto Rovai, Alberto Mesquita de Camargo e René de Oliveira Barbosa. Resolvido assim, passamos a ultimar os convites. Todos aceitaram, menos o Mascaro, que não encontrado por ter seguido viagem a Genebra. No domingo seguinte, reunimos todos os convidados, com exceção do Sylvio Carvalhal, discutimos e apresentamos novos nomes. Foram lembrados por Zenaide a Profa. Maria do Carmo Godoy Ramos e Noêmia Saraiva de Matos Cruz. A Mathilde indicou a Corina Marcondes Cabral e Maria Antonieta de Castro. O René Barbosa indicou o Valério Giuli, Luiz Horta Lisboa, José Bueno de Azevedo Filho e Agostinho Minicucci. Nós apresentamos os nomes de Antonio D’Ávila, Reynaldo Kuntz Busch. Walter Barioni, Juvenal Paiva Pereira e Luiza Chagas. A seguir, durante a semana que se passou, todos foram visitados e aceitaram o convite. Já tínhamos 23 titulares escolhidos. Passamos a estudar os estatutos da nova entidade. Nós elaboramos os estatutos e o René de Oliveira Barbosa, o
Regimento Interno. No domingo seguinte apresentamos mimeografados os dois diplomas (Estatuto e Regimento) que foram discutidos, emendados e acrescidos em vários artigos. Mais uma semana, foram indicados por Corina Marcondes Cabral a Profa. Hercília Castilho Cardoso; por Zenaide, Nelson Cunha Azevedo; por Mathilde, Oswaldo Melantonio; Por René Barbosa, Oswaldo Sangiorgi, José Fernandes Soares, Luiz Contier, João Baptista de Oliveira e Costa Júnior; pelo Rovai, o Prof. Amauri Moraes de Maria; por nós, Walter Silveira da Mota, João de Souza Ferraz, Vicente Keppe, Oswaldo Quirino Simões e Laerte Ramos de Carvalho; por Walter Barioni, o Richetti; por Rita de Freitas, o Prof. Arnaldo Laurindo; pelo Prof. João de Souza Ferraz, o Prof. João Chiarini; e pelo René, a Profa. Nilce Carvalho Amazonas. Ao todo já éramos 40 (quarenta). Estava organizada a Academia Paulista de Educação, entidade inédita, não só no Brasil, como no mundo. A Zenaide ofereceu a sua escola para sede da APE. Foi uma colega que, tendo aderido no primeiro momento, trabalhou com afinco na concretização da Academia. Diariamente telefonava para dar notícias dos acadêmicos que ainda não tinham dado resposta ao convite. A 12 de abril de 1970, finalmente, realizou-se, na sede oferecida por Zenaide, à Rua das Rosas, 139, a reunião de fundação, com a aprovação dos estatutos e assinatura da ata pelos acadêmicos fundadores. Fomos procurar os que não compareceram à reunião para a assinatura. Todos assinaram a ata de fundação (a 1ª) escrita neste Livro. O que seguiu vem relatado nas atas de nossas reuniões, bem como das Sessões Solenes. Assim ficou constituído o Quadro dos Acadêmicos, com os respectivos Patronos e Cadeiras”.
Transcrição do artigo do Professor Aquiles Archero Júnior
(Boletim nº 9 da Academia Paulista de Educação, 1984)
Cadeiras | Patronos | Titulares |
1
2
3
4
5
6
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8
9
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